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Combate às Drogas Exige Pesquisa

 

Fonte: Sucursal RBS – Brasília - Matias Flach - 11/08/98

 

 

A política de combate ao consumo de drogas ganhou um novo rumo com a chegada de 1998. Conforme o (Confen), Luiz Matias Flach, o modelo de repressão perdeu definitivamente sua eficácia. A principal arma que o governo pretende obter para tentar reduzir o consumo de drogas é obter informação, e para isso será realizada uma pesquisa em 22 cidades de todo o país durante o ano. O trabalho, em forma de piloto, começará por Florianópolis. Serão ouvidas 35 mil pessoas com mais de 12 anos.

O trabalho terá um custo de aproximadamente R$ 1 milhão, e os resultados serão divulgados antes do final de 1998. A pesquisa pretende medir o efetivo consumo de drogas entre os brasileiros, além de tentar descobrir os motivos que levam ao uso de substâncias entorpecentes, existentes ou alucinógenas, buscando estabelecer estratégias de prevenção e aprimorando métodos de tratamento. Mesmo assim, o presidente do Confen admite que é utopia imaginar uma sociedade onde não exista o uso de drogas.

Segundo Flach, a pesquisa a ser realizada este ano será o referencial científico para estabelecer as políticas públicas de combate ao consumo de drogas, verificando o uso dessas substâncias como fenômeno sociocultural. O primeiro levantamento, em forma de piloto, será realizado ainda neste primeiro trimestre em Florianópolis. Depois o trabalho será estendido a outras 21 cidades.

O presidente do Confen lembra que já foram realizadas pesquisas em todo o país, mas de forma pulverizada. O próprio Confen apoiou, por exemplo, o levantamento realizado pelo Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas (Cebrid), no ano passado, com a população estudantil de 10 capitais que apontou Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, como a cidade com o mais elevado consumo entre as localidades pesquisadas.

Avaliação - A nova pesquisa vai avaliar o consumo de drogas pela população em geral, além de analisar qual é a percepção da população sobre o uso de entorpecentes. O presidente do Confen destacou que o uso de drogas é um problema de saúde pública, e que por isso deve contar com políticas específicas do governo. Ainda assim, garante que não há por que tratar o assunto com alarmismo.

"No Brasil, há modelos bem intencionados, mas que usam o terror, são alarmistas, exagerados na informação pela metade", argumentou. "É preciso que o assunto seja tratado de forma menos emocional". Flach é contra qualquer modelo autoritário de combate às drogas, e por isso se posicionou contra a prisão dos integrantes da banda Planet Hemp, realizada em novembro do ano passado, em Brasília, sob a acusação de apologia ao uso de drogas. "Foi uma demonstração de intolerância", avalia.